No dia 05 de junho é comemorado o dia mundial do meio ambiente. No entanto, ao olharmos para nosso contexto parece que não há muito ao que se comemorar, mas si, é um momento de reflexão e ação.
Neste sentido a Bióloga, Ex-professora do curso de Ciências Biológicas da UEG Unidade de Iporá e atualmente vereadora do município de Iporá-GO, VIVIANE SPECIAN, publicou um texto que nos convoca a refletir sobre a questão ambiental em várias escalas, desde questões globais até questões locais correlatas ao nosso município. Vejamos o texto na íntegra.
5 de junho Dia Mundial do Meio Ambiente! Deveria ser de 01 de janeiro a 31 de dezembro em minha humilde opinião!
Pensando no passado me dá saudades do tempo em que comemorávamos esse dia tão emblemático com projetos relevantes para a questão socioambiental.
E nos dias atuais? O que temos a comemorar? Deixarei aqui algumas perguntas para reflexão!
Como está a atuação do Ministro do Meio Ambiente?
E o Ibama? Como estão as ações para proteção de nossa biodiversidade nos diversos ecossistemas que ainda existem no Brasil?
Nosso município tem projeto para o meio ambiente? Ao fazer essa pergunta, não estou me referindo aos projetos desenvolvidos pelas instituições de Ensino, estou me referindo sobre o que Iporá quer para nosso ambiente, o lugar que moramos.
Como nossas nascentes vem sendo tratadas, o Ribeirão Santo Antônio de onde nossa água vem e todos os rios e córregos do município? E as matas ciliares? E as áreas de proteção ambiental? E a Cachoeirinha, Morro do Macaco, Parque Municipal Ecológico Grota Seca?
E os resíduos sólidos produzidos por todos nós? Quando começará a funcionar de verdade a coleta seletiva? Quando teremos compostagem? Quando o problema gerado pelo aterro controlado/lixão será resolvido?
E quando teremos movimentação da população cobrando de forma efetiva dos poderes públicos municipais que estas coisas se tornem realidade em Iporá?...
Estamos super representados em relação a meio ambiente: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sendo investigado por atrapalhar ações de defesa ao meio ambiente, atrapalhar apuração sobre a maior apreensão de madeira do Brasil e possibilidade de envolvimento em esquema de proteção aos madeireiros ilegais. O mesmo ministro que disse em auto e bom tom em reunião ministerial que deveriam aproveitar que a mídia só falava de COVID e deixar a boiada passar!
Podemos comemorar o maior índice de desmatamento na Amazônia nos últimos 10 anos? É sempre bom lembrar que estamos no início da estação seca. Pantanal queimado, Cerrado e Caatinga sendo destruídos. O Cerrado tem somente 3% de sua área protegida em áreas de conservação, mas de acordo com os estudos de pesquisadores de fauna e flora as áreas onde ainda temos uma biodiversidade representativa e que precisa ser protegida estão fora dessas unidades de conservação. A Caatinga passa por situação mais grave ainda. Para que ela seja considerada um hotspot de biodiversidade, ou seja, uma área prioritária para conservação, ela precisa perder pelo menos 70% de sua vegetação nativa. Mata Atlântica e Cerrado já estão na lista de áreas prioritárias, ou seja, já perderam mais de 70% de sua vegetação e junto lá se vão animais, microrganismos, fungos, etc.
Ibama vem sendo atacado e desmontado. Projetos para liberação de mais agrotóxicos e para retirar a obrigatoriedade de licença ambiental estão tramitando... Realmente nada a ser comemorado nesse dia. Precisamos ser resistência e não somente pelas futuras gerações. Mas por nós mesmos.
Acredito que devemos questionar os modelos econômicos, que prometem renda e desenvolvimento, mas que deixa um rastro de pobreza, fome e destruição dos recursos naturais. O planeta é um só e estamos, a passos largos, impedindo a reprodução da vida na Terra, a nossa vida e de todos os outros formas de vida que ainda resistem.
Fonte: Jornal Oeste Goiano
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