Lívia de Oliveira: Mestre da Alfabetização Cartográfica
À primeira vista, essa senhora de cabelos encaracolados pode até parecer frágil. Mas são necessários poucos minutos de conversa para a impressão se desfazer. Aos 83 anos, e ainda inquieta, a geógrafa Livia de Oliveira se expressa com voz forte. Expõe suas ideias com firmeza, conta que é solteira, diz que é ousada e avisa: “Sou briguenta”.
Essas
características garantiram a ela a segurança para buscar novos caminhos na
Geografia, área sobre a qual se debruçou a partir do final dos anos 1950,
depois de uma passagem meteórica pela Enfermagem. Professora emérita do
Departamento de Geografia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da
Unesp em Rio Claro, Livia esteve envolvida em duas expressões brasileiras da
Nova Geografia, movimento iniciado nos anos 60 em vários países para modernizar
essa área de estudo.
Naquela
época, a pesquisadora participou do grupo que introduziu no país a geografia
quantitativa, ou teorética, com a proposta de conferir a esse campo de estudo
uma maior cientificidade, usando recursos como estatística e produção teórica.
Na década seguinte, a geógrafa passou a se dedicar à pesquisa sobre percepção
do meio ambiente. Produziu estudos que mais tarde seriam identificados como o
germe da geografia humanista no Brasil e traduziu para o português três livros
de um dos principais teóricos dessa linha, o sino-americano Yi-Fu Tuan.
A mais
cintilante contribuição de Livia à Geografia, no entanto – e que em maio de
2011 lhe rendeu um título de comendadora, conferido pela Sociedade Brasileira
de Cartografia (SBC) –, foi em educação. A pesquisadora é reconhecida como a
introdutora da cartografia escolar no país, fruto de uma observação singela: as
crianças não conseguiam compreender bem mapas e atlas porque eles são feitos para
adultos. “A professora Livia é um ícone da alfabetização cartográfica”, diz o
engenheiro cartógrafo Nei Erling, vice-presidente da SBC. Tanto que ela virou
nome de prêmio. Em 2009, a seção brasileira da Associação Cartográfica
Internacional criou o concurso Livia de Oliveira de Cartografia para Crianças,
coordenado por Erling, que anualmente premia os melhores mapas produzidos
por alunos de ensino básico.
Unesp Ciência (Unesp, 2011) |
Hoje
aposentada, mas ainda atuante como orientadora de pós-graduação, Livia formou
gerações de cientistas e professores, principalmente a partir dos anos 80,
quando a Unesp de Rio Claro se posicionou como um dos três mais importantes
centros formadores de pesquisadores em geografia. “Os alunos vinham de longe
para fazer formação com a Lívia e depois voltavam para seus Estados, onde
passavam a formar novos alunos”, conta o geógrafo Eduardo Marandola, do Núcleo
de Estudos de População da Unicamp.
Em seu
apartamento em Rio Claro, cercada por peças coletadas durante viagens às
Américas, Ásia, África e Europa, Lívia recebeu a reportagem para esta
entrevista.
Confira a reportagem completa no LINK
Matéria do Geógrafo Carlos Augusto:Entrevista com o Geógrafo Carlos Augusto
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